Em últimas manifestações públicas do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ele afirmou que a Petrobras deveria recomprar as refinarias que foram vendidas para os players privados, pois a compra pela Petrobras garantiria o abastecimento para o país e aumentaria a oferta de produtos.
Mas será que realmente essa seria a solução para acabarmos de vez com a dependência externa, principalmente do diesel importado?
Porque será que em outras épocas, quando Petrobras tinha em suas mãos todas as refinarias, isso não aconteceu?
A Petrobras teve todo o tempo necessário para fazer os investimentos que precisariam ser feitos para não dependermos de produto importado, porém infelizmente, vimos o dinheiro desse investimento ir para a corrupção, e a segurança energética que deveríamos ter, nunca existiu, e assim a importação se tornou necessária e essencial.
As privatizações trouxeram uma dinâmica diferente ao mercado, investimentos, dinâmica de preços segundo a variação da commodity e do cambio, para cima e para baixo, e um exemplo claro é a refinaria da Bahia, que aumentou sua capacidade de produção em 50%, desenvolveu novos produtos, reduziu seu consumo de água, e consequentemente aumentou a arrecadação de impostos.
Será que a solução está na reestatização?
Já vimos que a máquina pública é ineficiente, lenta e infelizmente corrupta, e concentrar tudo novamente nas mãos de um player estatal só denota ter um objetivo, consolidar a ingerência causada pelo fator político nas decisões estratégicas das refinarias, o que de forma imediata gera impacto sobre o preço de venda dos combustíveis nas refinarias, oferecendo o controle total sobre o preço da gasolina em todas as refinarias do país, e consequentemente os impactos sobre a inflação.
Você consegue ver como o mercado de petróleo, combustíveis e a política estão ligados?
Vimos recentemente o que a ingerência política pode causar, uma promessa causou a mudança na política de preços da Petrobras, e a consequência para o mercado veio em agosto/23. Chegamos a ter uma diferença tão grande de preços nas refinarias nacionais em relação ao produto importado, a ponto de ver postos desabastecidos ou com compras restringidas, pois a importação se tornou inviável, e assim seguiu, até que a Petrobras teve que ceder às suas convicções e aumentar os preços nas refinarias em 16/08/2023, era fato que essa não era a vontade da estatal, mas por necessidade assim veio a “paulada” de 25% de aumento sobre o preço do diesel nas refinarias, era óbvio os preços do petróleo dispararam a partir de Julho/23, infelizmente.
E a pergunta fica: “Abrasileirar os preços dos combustíveis nas refinarias deixou os preços dos combustíveis mais baratos?” Até o momento só conseguiu segurar a volatilidade e os reajustes quinzenais ou mensais, mas abriu brecha para os impostos federais serem novamente implementados sobre os preços dos combustíveis, sem que o preço dos combustíveis gerassem impacto grande na inflação, mais uma vez o fator político.
Nos países mais desenvolvidos do mundo, já ficou claro que quanto maior a competição, maior o benefício para a população e para o mercado. Reestatizar seria um retrocesso financeiro para a Petrobras, e para o país aumentaria é claro a insegurança no abastecimento, consolidando uma artificialidade de preços internos, pois sem ser autossuficientes em refino sempre dependeremos do mercado externo, a própria Petrobras importa 50% do diesel S10 que é importado pelo Brasil, e naturalmente isso cria um caminho para falta de rentabilidade e prejuízos para o próprio estado.
Lembrando que para bancar preços artificiais e benesses que reduzem a arrecadação do país, neste domingo (01/Out/23) voltamos a ter mais um complemento de PIS/COFINS sobre o diesel no país, ou seja, nada é de graça, de alguma forma as empresas e a sociedade vão pagar essa conta.
Acho que já vimos isso acontecer!
Por: Murilo Barco – Diretor Comercial | Bruno Valêncio – Diretor Fundador