Ontem (21/09), fomos surpreendidos por uma notícia, que deixa nosso mercado ainda mais tenso do que está.
O governo russo anunciou que irá limitar as exportações de gasolina e diesel, para evitar um desabastecimento em seu mercado interno. O preço dos combustíveis nas refinarias é controlado pelo estado, porém o mercado downstrem não é controlado, por isso a população está sofrendo com a alta dos preços. Desta forma, limitando exportações o governo inunda a economia local com combustível mais barato nacional, e reduz os preços. Em função da guerra com a Ucrânia a economia Russa sofre com as sanções econômicas também o enfraquecimento do rublo. Neste cenário, exportar combustíveis se tornou uma forma bem-sucedida de manter os resultados financeiros de um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
Com isso a Rússia se tornou uma opção barata de compra de combustíveis por países que tenham necessidade de importação de certos produtos, como o Diesel S10. Entretanto, atender uma demanda elevada de importações pode estar pressionando o refino Russo e elevando seus custos.
Essa medida pode impactar o mercado brasileiro de forma direta, trazendo consequências para nosso abastecimento e em termos de preços.
Mas como assim?
Historicamente, em relação a importação de diesel, o Brasil sempre teve como seu principal mercado supridor os Estados Unidos, porém ao longo de 2023 vimos esse cenário se inverter. Com as sanções que a Russia sofre por parte da Europa e dos EUA, tivemos uma janela de oportunidade de custo barato de combustíveis via Rússia, que no primeiro semestre de 2023 inundou nosso mercado de diesel, principalmente com a mudança de política de preços da Petrobras para o mercado interno, deixando de seguir única e exclusivamente o PPI.
Para termos uma ideia do quanto a Russia representou em termos de importação em 2023, segue os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, considerando as importações dos três principais países, de onde importamos diesel em litros no período de janeiro/23 à agosto/23.
Essa mudança se dá justamente pela Rússia ser a melhor opção de compra no momento em termos de condições comerciais, pois ela precisa se financiar, e com isso o preço do seu produto tem um prêmio em relação ao produto comprado no Golfo.
Agora com essa notícia de que ela irá limitar suas exportações, o impacto ao Brasil será de forma muito direta, pois já estamos sofrendo com a escassez de produto em nosso mercado por não conseguirmos produzir 100% do Diesel S10 para atender a demanda interna, e a Petrobras de forma artificial têm represado o preço dos combustíveis no mercado interno, não acompanhando o que acontece com o produto no mercado externo e inviabilizando assim a importação por grande parte do mercado.
Isso fica claro quando também analisamos a quantidade de diesel importado que entrou em nosso país, 1 bilhão de litros a menos do que o mesmo período do ano passado, considerando os meses de janeiro/23 a agosto/23.
Essa decisão do governo russo, pressiona ainda mais a Petrobras para que reajuste seus preços, pois hoje a defasagem em relação ao Golfo passa dos 13% e essa diferença inviabiliza a importação pelas distribuidoras e tradings, trazendo sérios riscos de possíveis desabastecimentos em nosso país. Lembrando que a Petrobras, não é capaz de suprir toda nossa demanda, ela atende em média 50% do diesel S10 que consumimos, os outros 50% são de produto importado, onde a própria Petrobras também precisa importar para cumprir seus contratos, em torno de 50%, ou seja, Petrobras supri 75% da demanda nacional e os outros 25% estão sob a responsabilidade do mercado.
E esse é um dos motivos de ter uma gestão muito próxima das suas compras de combustíveis, pois nosso mercado está passando constantemente por mudanças importantes, ele não é o mesmo de um ano atrás, onde quase não ouvíamos falar de produto importado ou que ele impactasse o custo de forma tão significativa.
Nós da Valencio Consultoria, somos especialistas em lhe dar todo o suporte para que possa negociar de forma muito mais assertiva e estratégica junto ao seu fornecedor.
Por: Murilo Barco – Diretor Comercial