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O Projeto de Lei contra a “Caixa Preta” dos Preços de Combustíveis

  • Publicado em 02/10/2025
  • Por: Bruno Valêncio

A saga dos preços dos combustíveis no Brasil, marcada por altas repentinas, falta de clareza e a constante sensação de impotência por parte do consumidor, pode estar em um ponto de inflexão. No Congresso Nacional, um projeto de lei busca “abrir a caixa preta” da formação de preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, prometendo maior transparência em uma das cadeias produtivas mais complexas e criticadas do país. 

O projeto está bem em linha com o último artigo que publicamos, onde a ANP abriu consulta pública, justamente para implementar melhorias e trazer mais transparência sobre o mercado de combustíveis nacional.

1 – O Problema

Para o consumidor comum, entender o que compõe o preço final dos combustíveis é um desafio. A flutuação do dólar, a cotação internacional do barril de petróleo, a complexa carga tributária (com impostos federais como PIS/Cofins e CIDE, e o estadual ICMS), os custos de produção, importação, distribuição e a margem de lucro de cada elo da cadeia formam um emaranhado de difícil compreensão.

Essa falta de transparência, apelidada de “caixa preta”, gera um ambiente de desconfiança generalizada. Uma das queixas mais recorrentes é a assimetria na resposta do mercado: quando a Petrobras anuncia um aumento no preço das refinarias, o repasse para as bombas é quase imediato; no entanto, quando ocorre uma redução, a mesma agilidade não é percebida pelo consumidor final.

Essa dinâmica alimenta suspeitas de práticas anticompetitivas, como a formação de cartéis entre postos e a retenção de margens de lucro indevidas por parte de distribuidoras e revendedores. O resultado é um consumidor que se sente lesado, sem ferramentas para fiscalizar ou compreender se o valor pago é justo.

2 – A Solução Proposta

A principal iniciativa legislativa para obrigar que todos os agentes da cadeia de combustíveis – produtores, importadores, distribuidores e revendedores, informem detalhadamente os componentes de seus preços à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e que os postos comuniquem de forma clara e objetiva o que compõe o preço final pago pelo consumidor.

De acordo com o projeto, itens como o custo médio de produção do petróleo e do gás natural, o preço de importação, os tributos, os fretes e as margens brutas de distribuição e revenda deveriam ser enviados à agência reguladora. A ANP, por sua vez, ficaria encarregada de consolidar e publicar, em seu site, um relatório mensal com a composição média dos preços ao consumidor.

A proposta prevê multas para as empresas que não cumprirem a determinação ou até mesmo a cassação da autorização de funcionamento.

3 – Vai Funcionar?

A grande questão que paira sobre a proposta é sua real efetividade. 

Será que a simples publicidade dos dados é suficiente para reduzir os preços na bomba?

Argumentos a favor sustentam que a transparência é o primeiro e mais crucial passo para coibir abusos. Com a “caixa preta” aberta, órgãos de defesa do consumidor, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a própria sociedade civil teriam subsídios para identificar onde estão os maiores gargalos e as margens de lucro excessivas. A expectativa é que a concorrência seja estimulada, uma vez que postos e distribuidoras teriam suas margens expostas, inibindo a prática de preços artificialmente elevados e a formação de cartéis.

Por outro lado, os desafios e possíveis efeitos colaterais. Divulgar detalhadamente as margens de lucro poderia, levar a um alinhamento de preços “por cima”, onde concorrentes passariam a ter uma referência clara dos lucros uns dos outros, desestimulando a competição agressiva por preços mais baixos.

Outro ponto de preocupação é a capacidade da ANP de não apenas coletar, mas também fiscalizar a veracidade dos dados e, principalmente, traduzir essa massa de informações de forma clara e acessível para o grande público. Sem uma comunicação eficaz, a medida pode se tornar apenas mais um relatório técnico sem impacto prático na decisão de compra do consumidor.

A efetividade do projeto, portanto, dependerá não só de sua aprovação, mas da robustez de sua implementação e da capacidade de fiscalização do Estado. A iniciativa é um passo importante ao reconhecer o direito do consumidor à informação. Contudo, a batalha para que a transparência se converta, de fato, em alívio para o bolso do brasileiro ainda parece longa e incerta.

Por: Bruno Valêncio • Founder

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