O mais recente evento geopolítico no oriente médio, envolvendo o conflito entre Israel x Irã diariamente divulgado na mídia desde a ultima sexta feira (13/06), eclodiu uma crise de aumento sobre as cotações futuras do petróleo, com os investidores buscando antecipar possíveis problemas de oferta e logística do “ouro negro”. De forma providencial à rebote destes últimos eventos, o segmento de distribuição de combustíveis brasileiro começa a alertar o mercado sobre a possível necessidade de aumentos de custo sobre os combustíveis.
A seguir abordamos então, os cuidados que você comprador de combustíveis precisa possuir frente às narrativas que podem ser utilizadas como argumento para reajustes, principalmente sobre o Diesel S10.
1 – O FATO
É cristalino que o abrupto aumento das cotações do petróleo, que acumulam em Junho/25 elevação de +12% irão gerar impactos sobre os combustíveis, afinal de contas o Petróleo é a commodity sobre a qual se derivam os combustíveis. Essa é a lógica econômica, e não há nada de errado com o fato.
Entretanto, lembre-se que as cotações do petróleo estimam um cenário futuro, ou seja, não quer dizer que as elevações da cotação em um dia fatídico se tornam custos imediatamente para o mercado de distribuição. Veja que a Petrobras, por exemplo, não anunciou nenhum tipo de reajuste às distribuidoras sobre o diesel por causa da elevação dos preços do petróleo da última sexta-feira (13/06), esse cenário demanda um tempo para se realizar, mas sim acontecerá.
2 – PETRÓLEO & DIESEL S10
Como o principal combustível importado pelo Brasil é o Diesel S10, é preciso entender que de um barril de petróleo adquirido ou extraído por uma refinaria, apenas 40% deste barril é utilizado para refinar o combustível diesel.
Isso quer dizer que economicamente a cada 10% de variação sobre o preço do petróleo, o impacto de custo para a produção de diesel é de 4% para a refinaria.
Portanto, não existe de forma alguma motivo econômico para aumento Percentual (%) de custo sobre o preço de Diesel S10, igual ao Percentual (%) que ocorreu com o preço do petróleo, pois há uma relação de produção de derivados por barril, que no fim gerará um impacto em R$/L em seu derivado.
Cuidado com os repasses de custos percentuais, 12% de aumento sobre a cotação do petróleo (US$/bpd) não significam 12% de aumento sobre o custo do diesel (R$/L)
3 – O MERCADO BRASILEIRO DE IMPORTAÇÃO
Outro fato importante que você precisa ter em mente, é que o Brasil tem importado na média apurada até Abr/25 conforme dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), 25,22% de Diesel A, ou seja, nossa dependência de Diesel A Importado atualmente está em 25% daquilo que é comercializado no Brasil.
Destes 25,22%, 45% são importados pela própria PETROBRAS (11,4%) e os outros 55% são importados pelas Tradings e Distribuidoras (13,6%).
Resumindo, presume-se que os estoques da distribuição em 2025 são compostos em média por 13,6% de Diesel A Importado e 86,4% de Diesel A Nacional (Petrobras). Veja a seguir:

É óbvio então presumir conforme os dados acima, que na média, a cada R$0,10/L de aumento sobre o Custo Efetivo do Diesel A Importado (PPI) que chega ao Brasil e é adquirido pela distribuição, o impacto final sobre o estoque da distribuidora é atualmente da média de 13,6% do custo total, e por lógica qualquer variação do custo do produto importado sobre o seu preço de aquisição deve ser de apenas R$ 0,0136/L (13,6%).
4 – DEFASAGEM X CUSTO EFETIVO
Já falamos sobre isso mas não custa lembrar, DEFASAGEM não é CUSTO EFETIVO.
Se você for abordado com um “Print” de defasagem dizendo que o produto importado está R$ XX/Litro mais caro que o nacional, e que por causa disso o seu preço será reajustado em R$ XX/L, lembre-se que DEFASAGEM é um indicador utilizado somente para pautar as negociações dos produtores e dos importadores de combustíveis, não quer dizer que o produto foi comprado por estes entes ou será comprado com a tal de diferença de custo.
Para mitigar essa questão, a ANP publica semanalmente o Preço Efetivo Ponderado dos Combustíveis comercializados nos principais portos e bases do Brasil (PPI), que reflete exatamente por quantos R$ o Diesel S10 por exemplo foi comercializado em cada localidade de destino, considerando todas as fontes de origem como a Rússia, de forma a poder ser verificado qual a variação do custo efetivo do produto semana à semana.
4 – A PETROBRAS
Como você já sabe, a Petrobras tem sido mais cautelosa em aplicar reajustes sobre os combustíveis, buscando diminuir a sensibilidade à volatilidade do petróleo para o mercado interno. Entretanto, tudo tem limite, e ao nosso ver não vai demorar muito para a Petrobras reequilibrar seus preços de comercialização principalmente de diesel, mas enquanto a estatal não atualiza estes preços de comercialização, ela se tornará a melhor fonte de aquisição de combustíveis pela distribuição.
Portanto, a melhor estratégia de supply da distribuição frente à forte elevação do petróleo e do diesel importado, será o de reduzir o volume de importação, buscando refúgio na estrutura nacional da Petrobras que ficará ainda por um tempo mais atrativo, e desta forma a distribuição consegue reduzir o impacto dos problemas geopolíticos sobre os seus custos de estoque.
5 – NÃO É SIMPLES
Incrível não? A quantidade de detalhes e variáveis que você como comprador de combustível, seja empresa ou posto revendedor precisa ter em mente acerca de tudo o que está acontecendo no mundo, e os impactos que isso pode gerar sobre o seu negócio.
Para tudo isso a VPricing é a solução de tecnologia consultiva, capaz de te auxiliar a entender, controlar e rebater qualquer tipo de narrativa que possa surgir neste momento volátil.
Os custos de combustíveis irão subir, isso é fato, mas existe um valor correto, um momento certo, que deve ser pautado sobre uma lógica econômica de composição dos custos dos combustíveis.
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Por: Bruno Valêncio • Founder