No dia de ontem (02/06), a Petrobras anunciou um reajuste no custo da gasolina nas refinarias do país de 5,6%, que representa uma queda de R$0,17/L. Queda essa que entra em vigor hoje (03/06), e é recebida pelas distribuidoras, que são as clientes da Petrobras.
Portanto os postos, devem receber um impacto menor, olhando especificamente para essa variação, a queda para quem compra a gasolina deve ser de 73% do que ocorreu nas refinarias, por conta da mistura do etanol anidro, ou seja, o impacto deve ser de R$0,1241/L.
Lembrando que estamos olhando apenas para uma das variáveis que compõem o custo da gasolina, olhando para uma outra variável, que é o etanol anidro, ele também caiu nas usinas na última semana, uma queda de R$0,05/L, e como devemos levar em consideração a proporcionalidade da mistura de 27%, o impacto na gasolina deve ser de R$0,0135/L.
Fonte.: Esalq/USP
https://www.cepea.org.br/br/indicador/etanol.aspx
Considerando portanto os dois indicadores, temos uma queda acumulada de R$0,1376/L. E fica a pergunta, você revendedor, recebeu essa queda em seu custo de aquisição com a distribuição?
Agora entrando um pouco no repasse efetuado pela Petrobras, e analisando o nosso modelo de PPI, no fechamento de mercado do final de semana, tínhamos o custo da Petrobras muito em linha com o mercado internacional.
Porém quando voltamos no tempo, em 16 de maio de 2023, quando Petrobras alterou sua política comercial, deixando de seguir única e exclusivamente o PPI, e implementando novas diretrizes, para que seus preços fossem reajustados, ela deixou muito claro que iria avaliar diversos outros fatores, como por exemplo produtos substitutos, market share, preços por polo, etc.
Levando em consideração, que estamos em pleno período da safra da cana de açúcar e o preço do etanol começou a cair de forma consistente, isso representa de certa forma uma ameaça para as vendas de gasolina, e consequentemente, podem fazer com que Petrobras perca participação de vendas para o etanol, principalmente em mercado onde o etanol em condições mais agressivas de preços, tendem a ver suas vendas aumentarem significativamente, como os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, que também são grandes produtores do biocombustível.
Vejam que o mercado é muito mais dinâmico e complexo, do que simplesmente analisar cotação de barril e dólar, e isso mostra que cada dia que passa quem vive o mundo dos combustíveis, precisa se manter atualizado a todo momento, e ter uma gestão muito mais próxima de todos os itens que impactam a formação de preços dos produtos que compram.
Trazendo para o reajuste de hoje, vemos que além da movimentação de refinaria, também temos a variação do custo do etanol, portanto o impacto de queda é ainda maior. Imagine um posto que vende em média 100 mil litros de gasolina por mês, uma queda de R$ 0,02/L que não foi repassada ao seu custo, esse posto deixou de ganhar R$ 2 mil, praticamente o salário de um frentista. Agora some isso em todos os produtos que você compra e ao longo de um ano, você já parou para fazer essa conta?
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Por: Bruno Valêncio • Founder