Não é nenhuma novidade para o mercado que o Brasil tem uma dependência de diesel importado, e já abordamos algumas vezes sobre esse tema, em nossos artigos. Atingimos no passado a nossa autossuficiência na produção de petróleo, mas não em derivados, e o diesel S10 é o grande gargalo que temos.
Com as possíveis mudanças futuras, de descontinuar o diesel S500, poderíamos ter um problema ainda maior, visto que o investimento em refino no Brasil precisaria acelerar consideravelmente, para conseguirmos ter nossa autossuficiência, porém o investimento é enorme e o tempo também.
Olhando para o ano de 2024, temos um cenário que chama bastante atenção, principalmente pela proporção de diesel importado de origem Russa. E o Brasil hoje é um dos maiores compradores do derivado russo, principalmente pelos embargos sofridos pelo país, devido à guerra contra a Ucrânia, e ao prêmio do produto em relação ao mercado americano, que tradicionalmente foi nosso maior supridor.
Pelos dados publicados pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), de janeiro até setembro de 2024, o Brasil importou 9.256 bilhões de quilos de diesel, que dá um total de 11.018 bilhões de litros, tendo 14 países como fonte de suprimentos, e quase 70% do produto oriundo da Rússia.
Analisando o volume de comercialização de diesel, segundo dados da ANP.:
O Brasil consumiu, no mesmo período, 34,15 bilhões de litros de diesel S10, ou seja, 32,26% do diesel consumido é de origem importada.
Mas e o custo dessa importação, o quanto isso de fato gerou de despesas, considerando apenas o custo do produto?
Mas e Petrobras, como ficou o preço dela em relação a esse custo do importado?
Acho que importar não é tão ruim assim, e ainda vemos as distribuidoras aumentando preços semanalmente, com a alegação de que o importado está mais caro. Os dados oficiais mostram ao contrário, que o custo do importado, ao longo de todo ano de 2024, entrou mais barato do que o diesel da Petrobras, mesmo com a alta do dólar nos últimos meses.
E qual a justificativa da distribuição, para utilizar a variação importado somente para cima, e quando a variação é negativa, isso não chega para seu cliente?
Na última semana a ANP divulgou o custo do importado que entrou no país, na semana do dia 14/10 à 18/10, e ele caiu 5%, gerando um impacto de R$ 0,06/L, e hoje estamos vendo as distribuidoras realizando repasse de alta, com a justificativa do diesel importado mais caro. Mas o dado oficial novamente mostra o oposto.
Por isso frisamos com tanta frequência a importância da parametrização dos custos, pois essa queda irá chegar para os clientes que estão parametrizados, agora para quem não está, vira resultado para a distribuidora, e o posto por exemplo, tendo que se justificar, para seus clientes e imprensa, de que ele não é o culpado pelo aumento de preço na bomba.
Por: Murilo Barco • Diretor Comercial