Temos acompanhado nas últimas semanas, um movimento de queda nos preços do barril do petróleo no mercado internacional, caindo abaixo dos U$ 70,00, atingindo o menor patamar de preço desde ago/21.
Essa queda está relacionada a fatores geopolíticos e econômicos, como a desaceleração da economia chinesa e a retomada das exportações pela Líbia.
Com a queda no barril, consequentemente o derivado no mercado internacional também cai, e essa queda para nosso mercado gera um impacto, ou seja, Petrobras não vem acompanhando as variações da commodity, o diesel por exemplo não sofre alteração de preço nas refinarias da estatal, desde dez/23, praticamente 9 meses sem qualquer tipo de movimentação, e na gasolina o último reajuste ocorreu em 09/jul, completando pouco mais de 2 meses.
Quando acompanhamos os preços praticados pela Petrobras para gasolina e diesel no mercado interno x mercado externo, vemos que na gasolina em grande parte do ano de 2024, o preço ficou bem abaixo do mercado internacional, com setembro sendo o mês, onde o cenário começou a se inverter, e o preço da gasolina nacional está acima do mercado internacional, segundo monitoramento feito diariamente por nós da VPricing, onde a atual defasagem é de pouco mais de 4%.
Já para o diesel o cenário foi diferente, como temos uma dependência importante da importação para atender nossa demanda interna, onde cerca de 33% do diesel S10 utilizado pelo Brasil, tem origem importada, vemos Petrobras com preços acima do mercado internacional, deixando uma janela de importação aberta, como ocorreu nos meses de janeiro, maio, junho, agosto e atualmente também estamos com uma defasagem de aproximadamente 9%.
E a grande pergunta que fica no ar, será que a Petrobras vai reduzir os preços para o mercado interno?
Em momentos onde ela deveria subir o preço, como nos meses mencionados acima, ela não se movimentou, e é importante lembrar, que a Petrobras também importa combustível, pois como não temos autossuficiência, ela se vê obrigada a importar para suprir suas obrigações contratuais, e por não acompanhar a volatilidade, ela em determinados momentos subsidia o preço, mesmo pagando mais caro, trazendo assim consequências financeiras para seus resultados, como vimos na divulgação do balanço do 2 trimestre, onde a Petrobras, apresentou seu primeiro prejuízo desde o 3 trimestre de 2020.
As consequências dessas decisões para a empresa no passado foram gigantescas, e estamos vendo o cenário se repetir novamente.
Segundo a atual CEO da empresa, “Petrobras está confortável, com os preços atuais”, e isso nos dá a interpretação de que mesmo com cenário positivo para uma redução de preços na gasolina e no diesel, ela pode não acontecer. Pois a atual presidente mal assumiu o cargo, e logo de cara apresenta um resultado de um prejuízo bilionário, com o cenário da forma que está, é uma possibilidade da Petrobras, importar combustível mais barato, vender no mercado interno mais caro, pois seu preço está acima do mercado internacional, e assim de certa forma ajudar no resultado financeiro do 3 trimestre.
Mas como sabemos que a empresa sofre uma grande interferência política, existem outros fatores, que não são mensuráveis, que podem fazer com que o preço caia.
O que nos resta agora é aguardar, pois não sabemos se a decisão dos preços, com a mudança da política da Petrobras, é tomada através de decisões de mercado ou decisões políticas.
Por: Murilo Barco | Diretor Comercial
VPricing