Temos visto nas últimas semanas uma escalada nas cotações do barril e do dólar, e isso tem feito com que os custos de importação, principalmente do diesel, tenham ficado mais caros, e consequentemente isso vem sendo repassado pelas distribuidoras aos seus clientes.
A escalada na cotação do barril está relacionada às tensões no Oriente Médio e com o aumento da demanda no Hemisfério Norte. Já a alta do dólar, está relacionado aos nossos fatores internos, como a pressão do mercado para as contas do governo, as falas do presidente, atacando as autoridades do Banco Central, e isso tem feito o capital estrangeiro sair da bolsa de valores.
Esses dois cenários, tem sido a tempestade perfeita, para pressionar a Petrobras a reajustar seus preços nas refinarias brasileiras. Na gasolina, a Petrobras anunciou um reajuste de R$0,20/L, com vigência a partir de 09/07/24, quase 9 meses se passaram desde o seu último reajuste, e no diesel o último reajuste foi no dia 27/12/23, quase 7 meses desde a última movimentação.
Com a piora do cenário nas últimas semanas, o Refina Brasil associação que representa as refinarias privadas no país, ameaça acionar a Petrobras juridicamente, pelo represamento dos preços no mercado interno, com participação de 80% do refino nacional, o não repasse vem prejudicando as demais refinarias, que têm seus custo todos indexados ao dólar e barril, enquanto Petrobras segura artificialmente as oscilações no mercado.
O barril no ano de 2024, já tem uma alta acumulada de 9,3%
O dólar tem alta no ano de 13,25%
Gasolina não é nosso grande gargalo, quando olhamos a necessidade de abastecimento do mercado nacional.
No ano de 2024 até o mês de maio, segundo dados da ANP, o Brasil importou 1.263 bilhões de litros de gasolina.
E vendeu 17.868 bilhões de litros de gasolina C, como a nossa gasolina tem 27% de anidro, à gasolina A, representa 13.044 bilhões de litros.
Isso quer dizer que 9,68% da gasolina comercializada em nosso país, tem origem importada. Um percentual pequeno, visto que temos um combustível alternativo, o etanol.
Já no diesel o país importou 5.396 bilhões de litros de diesel A.
E comercializou 17.985 bilhões de litros de diesel S10 tipo B, como nosso biodiesel tem 14% de biodiesel, o total de diesel A foi de 15.467 bilhões de litros.
Dessa forma, concluímos que a importação representou aproximadamente 35% do volume total. Um percentual bem relevante, e pela importância do diesel na economia brasileira, o não repasse por parte da Petrobras, acaba retirando players da importação, já que nem todas as tradings ou distribuidoras têm capacidade financeira e operacional, para absorver tal diferença.
E esse movimento de repasses fica muito mais claro, quando vemos as refinarias privadas, que tem seus custos indexados ao dólar e a variação do barril, e como a margem de refino não é grande, elas têm a obrigação de realizar repasses, para manterem suas operações saudáveis e manter o ritmo de investimentos.
Abaixo as movimentações feitas pelas refinarias, desde o início do ano de 2024 até o presente momento.
GASOLINA
3R = +9,78%
Ream = +15,12%
Acelen = +19,21%
DIESEL S10
Ream = -3,53%
Acelen = +10,53%
Nos produtos que temos dependência de importação, vemos um claro movimento de acordo com as variações do câmbio e barril.
O “abrasileiramento” dos combustíveis pela Petrobras, em um passado não tão distante, trouxe sérios problemas para a empresa, e no ano passado, vimos um cenário muito complicado nos meses de agosto e setembro, quando a nossa defasagem em relação ao mercado externo passou da casa dos R$ 1,20.
Nos resta acompanhar quando será o próximo reajuste da Petrobras.
Por: Murilo Barco – Diretor Comercial
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