Um dos principais trabalhos desenvolvidos por nós da Valêncio Pricing, é monitorar os índices que compõe o custo dos combustíveis, para podermos mensurar, se os preços pagos pelos clientes, estão sofrendo as variações devidas, ou seja, quando os índices estão em alta, é natural que o custo de aquisição suba, e o inverso deve ser proporcional, quando os índices caem, os preços também deveriam cair.
Porém, na prática sabemos que é algo diferente, em praticamente todo mês de abril, vimos os preços subirem, pois o custo etanol subiu forte nas usinas, impactando não somente o custo do etanol hidratado, que é vendido nas bombas, mas também empurrando o preço da gasolina para cima, devido a mistura obrigatória do biocombustível.
No diesel não foi diferente, vimos uma subida forte dos custos de aquisição do biodiesel, e também a justificativa mais utilizada pelas distribuidoras, a famosa “paridade”, pois tivemos fortes tensões envolvendo Israel e Irã, e isso trouxe uma certa instabilidade no mercado, e serviu de argumento para aumentos sucessivos.
Agora com o final do mês se aproximando, temos visto um cenário que começa a mudar, nas últimas divulgações da ANP, o custo do diesel importado que entrou no país, caiu consideravelmente, pois como já falamos em outro artigo, as tensões no oriente médio já havia sido precificada no barril, quando ele bateu a casa dos US$ 94,00, e isso não se sustentou por muito tempo, tanto que vimos um recuo das cotações e consequentemente o derivado cair, temos um grande volume de diesel vindo da Rússia, que tem um prêmio interessante em relação ao produto vindo do Golfo americano, não é à toa que grandes players do segmento de distribuição tem sido um dos principais importadores desse produto, ou você acha mesmo, que se não valesse a pena, tal distribuidora estaria trazendo produto do outro lado do mundo, com um frete muito maior, com uma logística muito mais complexa do que o produto vindo dos EUA.
O mesmo vem acontecendo com o preço do etanol, com o início da safra da cana de açúcar nas principais regiões produtoras do país, aumenta a oferta e consequentemente o preço nas usinas começa a cair.
Mas o fato é que não vemos isso chegar de forma efetiva para quem compra, tanto que boa parte dos clientes, que nos informam seus preços, têm recebido alta, principalmente no diesel, mas qual a justificativa agora?
A variação ela tem dois sentidos, o sentido da alta e o sentido da baixa, mas parece, que para as distribuidoras, o sentido da baixa ele é inexistente, as variações, elas são apenas positivas, e claro isso se reflete em seus resultados financeiros, que vem subindo vertiginosamente nos últimos anos. E enquanto o mercado não se profissionalizar em sua gestão de compra, veremos cada vez mais esse tipo de movimento, clientes sendo apertados em seus resultados pelas distribuidoras, e as distribuidoras com margens cada vez maiores em seus balanços.
Evoluir faz parte das nossas vidas, e a evolução no processo de compra deve fazer parte de todo segmento que compra combustível. Nos grandes consumidores, como usinas, mineração, ferrovias, por exemplo, isso já se tornou uma realidade, pois os combustíveis, têm pesos relevantes nas suas curvas de gastos, ele é o principal ou o segundo item que tem maior representatividade nos gastos dessas empresas. E elas tem se resguardado, parametrizando seus preços, baseados em índices, onde é possível mensurar cada item que compõe o seu preço final, e isso traz transparência na relação com a distribuidora e deixa o jogo mais “justo”.
O mesmo deveria acontecer com os postos, já que o principal item dentro dos seus gastos é o combustível, e não ter uma gestão próxima, não ter parametrizado como ele irá variar ao longo do tempo, e em muitos casos vemos revendedores, que não sabe nem mesmo o que é PMPF, qual o valor do imposto que incide sobre cada um dos itens que ele vende, e é aí que mora o perigo, pois isso deveria ser o básico dentro da gestão de compra.
Essa mudança de cultura, precisa começar a acontecer dentro do segmento, pois para as distribuidoras isso já uma realidade, mas para a revenda, elas tapam os olhos, pois como na política, quanto menos informação a população tem, mais facil dela ser enganada, e é assim que as distribuidoras enxergam seus revendedores, para elas quanto menos informação ele tem, mais facil de passar uma alta injustificada, mais fácil de dar justificativas que não fazem sentido, por isso não vemos elas criando dificuldades em colocar em seus contratos fórmulas paramétricas.
Como diria Sócrates “Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância”.
Reflita sobre como vem sendo sua relação, pois a ignorância pode ser maléfica para seu negócio, e saber o que acontece, faz total diferença para o seu sucesso.