Desde novembro/23 tem circulado através do mercado de combustíveis do Brasil informações de que em específico a PETROBRAS está comercializando Diesel S10 A em modelo de leilão, ou seja, a preços obrigatoriamente mais caros que o preço lista divulgado em site, e que isso tem gerado custos adicionais que estão sendo repassados pelas distribuidoras sem embasamento para o mercado de revenda e consumo deste produto.
A pergunta que fica é: “Leilão de Diesel, isso existe?”
A resposta é SIM, mas como forma de complemento à oferta regular.
Nos contratos firmados entre Petrobras e Distribuição, existe a possibilidade da Petrobras vender combustíveis a preços diferentes do divulgado em site, lembrando que a divulgação dos preços de venda das refinarias por polo, modalidade de entrega e produto, é obrigatória e faz parte da Lei de Acesso a Informação que no setor de combustíveis é regulamentado pela Resolução ANP N 795 de 05/07/2019. A forma determinada para venda do produto a preços diferentes do site é via leilão, mas que só deve ocorrer na necessidade de complemento à oferta regular de produto.
Hoje a distribuição precisa antes de realizar seus pedidos regulares, enviar uma previsão de compra de cada produto em cada polo para a Petrobras com antecedência de 2 a 3 meses. A Petrobras de posse dessa informação providenciará a produção e importação do produto necessário para atender a demanda prevista, que será confirmada via solicitação de pedido regular da distribuidora com 1 mês de antecedência da entrega, ou seja, se a previsão de compra estiver correta e dentro do histórico de compra sempre realizado pela distribuidora para cada polo, a Petrobras atenderá a solicitação integral do pedido de forma regular com os preços listas vigentes em site.
Entretanto, se a distribuidora enviar X como previsão com 3 meses de antecedência, e no pedido regular com 1 mês de antecedência solicitar X+10, é óbvio que a Petrobras não terá condição regular de atender ao pedido por completo, e a distribuidora terá que importar ou solicitar complemento de cota para a Petrobras que poderá atender ao pleito, mas somente via leilão que naturalmente terá um plus de custo.
Aqui nascem os problemas que o mercado B2B e B2C tem enfrentado, e vamos dividir isso em duas narrativas:
1 – A distribuição não oficialmente, tem informado ao mercado de que a Petrobras não está atendendo aos seus pedidos regulares de cota para Diesel S10, e de certa forma está as “obrigando” a ter que acionar a necessidade de complemento de pedido para comprar da Petrobras via leilão o volume que deveria ser regular, a um custo maior que o preço lista. Desta forma, a Petrobras não precisaria reajustar os seus preços oficialmente para vender produto a custo mais caro. É um bom argumento, mas se a Petrobras supostamente não está cumprindo com a sua obrigação como fornecedor em atender completamente o pedido regular do seu cliente, a distribuição pode e tem o direito de acionar judicialmente a empresa, pois por óbvio há um descumprimento de contrato, se ela estiver enviando a previsão corretamente e realizando o pedido regular corretamente.
2 – Se coloque no lugar da distribuição: Hoje a diferença do produto Petrobras para o importado é de -12%, a logística de importação tem passado por apuros por problemas geopolíticos, os EUA é o meu principal fornecedor seguro de Diesel S10 importado, mas a custos 12% maiores em virtude das oscilações da commodity e do câmbio, meu fornecedor nacional não tem seguido firmemente o PPI e eu não tenho reajustes no mercado nacional há dois meses…. O que você pensaria?…. Por óbvio você enquanto distribuição tentará comprar o máximo possível que conseguir de diesel nacional, transferindo para a Petrobras a responsabilidade da importação e se blindando contra o produto importado mais custoso, mesmo que você tenha que pagar um plus ou multa de preço para que a Petrobras atenda a sua cota adicional via leilão, pois para todo efeito você terá ainda uma estratégia de preço para repassar ao posto revendedor ou empresa consumidora esse custo, que estará desacobertado de informações para questionar o tal “leilão”.
Precisamos ter em mente que o volume de um leilão não representa mais que 10% do volume de pedido regular, ou seja, há uma ponderação de custos a serem consideradas entre preço lista x preço leilão, sem falar na vigência, pois o produto leiloado é uma cota que tem começo, meio e fim, se isso realmente está ocorrendo o custo adicional precisa ter uma ponderação por volume e seu impacto ter uma data de início e data final, ou seja, o custo adicional precisa ser eliminado do seu preço de compra com a distribuição ao fim do volume adquirido por leilão.
O que fica evidente é que se está ocorrendo o leilão, ele não é transparente e traz insegurança jurídica para o mercado de combustíveis.
A Valêncio Pricing apura e pondera todas essas questões para te ajudar a entender e controlar os preços de compra dos seus combustíveis, pois o mercado é criativo e cria subterfúgios para conseguir repassar “custos” ou “margem”, estar preparado e abastecido de informações é crucial para a saúde financeira do seu posto de combustível ou empresa consumidora.