É isso mesmo que você leu, através de uma operação a ser realizada ainda de aquisição de 51% participação em ações, a PETROBRAS de certa forma apalavrou com fundo de investimento Mubadala em visita aos Emirados Árabes realizada em Fev/24, o retorno ao controle das operações de exploração e refino no estado da Bahia, ou a grosso modo a reestatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) que atualmente é conhecida como ACELEN.
Para o mercado não é uma surpresa, pois é fundamental entendermos que essa refinaria está localizada em um estado chave para as operações de combustíveis do norte e nordeste do país, a Bahia é um dos principais supridores para os demais estados das regiões mencionadas, com infraestrutura para competir com a entrada de produtos importados.
Entretanto, a principal motivação para essa ação da Petrobras é supostamente política, isso porque a ACELEN utiliza o PPI (Preço de Paridade Internacional) para atualizar os preços de comercialização dos seus produtos, todas as semanas, seguindo fidedignamente as oscilações do Petróleo e do Câmbio, mas naturalmente isso gera um impacto inflacionário de preços para a região Norte e Nordeste, que por óbvio impacta o resultado econômico do governo, mas também político
Utilizando como exemplo o Diesel S10 a ACELEN atualizou seus custos em oito (8) oportunidades, enquanto a PETROBRAS em 2024 ainda não atualizou os custos do diesel e da gasolina:
O fato é que existe um compromisso selado entre o CADE e a PETROBRAS de venda de refinarias como medida mercadológica de evitar o chamado crime de abuso econômico por posição dominante, isso porque a PETROBRAS reassumindo a RLAM será responsável por mais de 90% do mercado de refino do Brasil, o que não incentiva investimentos privado, ou se quer cria um ambiente de competitividade para os combustíveis, pois o mercado de distribuição se torna refém de apenas um grande e importante produtor que pela posição dominante tem praticado preços de Diesel S10 mais baratos que os importados, mesmo não possuindo condições de produzir todo o produto que o mercado necessita.
O fundo Mubadala por sua vez, deve ter se arrependido de ter adquirido a RLAM, pois como competir contra uma empresa estatal que não segue a risca a volatilidade do petróleo e do câmbio, que de governo em governo muda a sua estratégia e posição no mercado e que possui em suas entranhas o dedo político para decisões.
Há muitos fatos ainda a serem desenrolados nesta história até se concretizar a operação de reestatização da RLAM, mas o fato é que isso cria uma insegurança jurídica imensa para qualquer empresa do setor que queira investir em petróleo no Brasil.