Encerraram-se nessa semana a divulgação dos balanços das distribuidoras de combustíveis listadas em bolsa, e os resultados vieram expressivos.
As três maiores distribuidoras de combustíveis do país, tem suas ações negociadas na bolsa de valores, e trimestralmente divulgam seus balanços para o mercado, e vimos uma evolução grande no EBITDA das três grandes no resultado de julho/23 à setembro/23.
Mas o que aconteceu nesse período para que o resultado viesse tão expressivo?
Para quem não se lembra no final de julho/23 para agosto/23, vimos o início de fortes restrições no mercado de diesel, principalmente pela grande defasagem entre o preço no mercado interno (PETROBRAS) em relação ao mercado externo (IMPORTADO), e por este motivo aumentos de preços estavam ocorrendo entre duas e três vezes por semana, com alegação das distribuidoras de ser o impacto da conta da defasagem existente, que chegou a ser de R$ +1,20/L.
Na época divulgamos os artigos abaixo falando sobre esses ocorridos.:
E alertávamos que os repasses feitos pela distribuição eram desproporcionais aos dados oficiais publicados pela Agência Nacional do Petróleo,.
Agora com a divulgação dos resultados 3T23 apresentados pela distribuição e aqui salientamos que estes dados são públicos e disponibilizadas pelas próprias distribuidoras e seus grupos societários, se constata o óbvio.
A VIBRA teve uma queda no volume de vendas de -8,67% quando comparamos ao mesmo período do ano 2022, e o EBITDA cresceu 154%.
A RAÍZEN manteve o volume de vendas em relação ao mesmo período do ano de 2022, e obteve um crescimento de 311% de EBITDA,
E por último o Grupo ULTRA teve uma redução no volume de vendas de -1,74%, enquanto o EBITDA aumentou 184%
O mais curioso do resultado apresentado pela distribuição, é que ele foi justificado pelo mesmo motivo nos releases das três grandes do mercado. A justificativa utilizado foi “a melhor administração do inventário”.
Isso quer dizer que a gestão do custo de estoque foi crucial para a elevação dos resultados da distribuição, e no restante da cadeia foi perceptivo isso, com repasses indevidos de aumento de custo do diesel importado em agosto/23, repressão de reduções de impostos federais do diesel em setembro/23 e repasses divergentes de reajuste refinaria Petrobras tanto para gasolina como para o diesel em outubro/23.
Quando o repasse realizado ao mercado pela distribuição é diferente do que realmente ocorre em seus estoques, ou a variação ocorrida de custo informada por exemplo pela Petrobras, naturalmente isso se torna margem e resultado, ou seja, o impacto do aumento de refinaria no inventário foi (X), mas o repasse de custo realizado ao mercado foi (X + alguma coisa), isso se torna ganho de margem.
Para efeito de comparação, o EBITDA da Petrobras no 3T23 teve queda de 27,6% em relação ao mesmo período de 2022, um resultado totalmente diferente do apresentado pela distribuição no 3T23, sendo que a função da distribuição é simplesmente logístico.
Temos que nos perguntar: Será que os revendedores conseguiram obter esses níveis de crescimento % de resultado em seus negócios? Se fala muito na importância da verticalizarão do segmento de combustíveis, o quão importante é a dinâmica do “poço ao posto”, mas vemos que no fim da cadeia, da distribuição para frente, acontece algo muito diferente.
As grandes empresas consumidoras, que movem o país economicamente, conseguiram administrar os custos de aquisição de combustíveis necessário para suas operações, a ponto de vislumbrarem resultados como o apresentado pela distribuição de combustíveis?
Nós temos a absoluta certeza que não, pois vemos diariamente em nosso dia a dia postos revendedores e empresas serem cada vez mais pressionadas economicamente por uma conduta, que denota ao mínimo ser predatória pelo mercado.
Por esse motivo, é importante o choque de realidade da frase a seguir: A distribuição não é essencialmente uma parceira do revendedor, ela tem seus interesses econômicos e irá fazer o possível e o impossível para alcançá-los.
Enquanto a revenda e as empresas não aprenderem a se impor em suas negociações, continuarem assinando contratos sem clausulas de reajustes, o famoso cheque em branco, e aceitarem passivamente tudo o que vem da distribuição, veremos cada vez mais esse tipo de resultado.
Ahhhh mas a distribuidora está errada!!!!
Em nossa visão é claro que não, elas evoluíram seus processos, enquanto ainda boa parte do mercado não entendeu as mudanças que ocorreram, e estão sendo esmagados.
Essas críticas não têm o objetivo de rebaixar o comprador de combustível, muito pelo contrário, tem o objetivo de mostrar a evolução de processos necessária para quem compra combustível. Não acompanhar as mudanças de mercado, não ser questionador, vai representar perda na mesa de negociação para o comprador e revendedor, e ganho para quem distribui.
Nós enquanto consultoria, temos o objetivo de ajudar esse revendedor e essa empresa, que tem essa dificuldade para a melhorar seu processo de compras, a abrir seus olhos e mostrar que existe espaço para negociação sempre, e que o sucesso do seu negócio, está na forma com que você compra combustível.
Por: Murilo Barco – Diretor Comercial e Bruno Valêncio – Founder