A recente proibição russa à exportação de diesel não deverá impactar o abastecimento ou os preços no Brasil, conforme a avaliação de especialistas do setor e representantes dos importadores de combustíveis, veiculada pelo portal CPG (Click Petróleo e Gás) Leia Aqui. A medida, anunciada por Moscou com o objetivo de estabilizar seu mercado interno, havia gerado preocupações iniciais devido à crescente dependência brasileira do diesel russo.
Contudo, o alívio para o mercado brasileiro reside nos detalhes da nova política russa. A restrição aplica-se à comercialização de diesel por revendedores, e não diretamente pelos produtores de petróleo. O Brasil, por sua vez, importa o combustível diretamente das refinarias russas, o que, na prática, o isenta dos efeitos da proibição.
Sérgio Araújo, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), garantiu a inexistência de motivos para alarme. “A proibição, na forma em que foi estabelecida, não afeta os contratos de fornecimento do Brasil, os quais são negociados diretamente com as empresas produtoras russas”, esclareceu. Segundo ele, o fluxo de diesel da Rússia para o Brasil deverá prosseguir sem interrupções.
É inegável que esta notícia gerou considerável preocupação, visto que o custo do diesel russo é mais vantajoso em comparação com outras fontes de suprimento.
Na média anual, o diesel proveniente da Rússia custou aproximadamente R$0,20/L a menos que o diesel americano, considerando as informações entre os meses de janeiro e agosto de 2025, conforme dados extraídos do SISCOMEX.
Outra preocupação que surgiu seria o impacto dessa alteração no custo do diesel para o mercado interno, visto que a Rússia representou, até o período mencionado, aproximadamente 60% de todo o diesel importado pelo Brasil, e os EUA, cerca de 26%.
O custo médio do diesel importado pelo país foi de R$ 3,0805/L, considerando o dólar médio de R$ 5,69 de 2025, retirando os dados da Rússia, o custo médio do dólar sobe para R$ 3,2105/L, ou seja, uma diferença de R$ 0,13/L, na ponderação dos números.
Se por um acaso as proibições de exportação de diesel russo se concretizasse, teríamos o seguinte cenário projetado para o último trimestre do ano:
Embora o valor seja nominalmente elevado, o impacto no custo do diesel para o mercado não seria de R$0,13/L, visto que este número considera apenas o efeito nas importações. Ao diluir tal impacto no volume produzido localmente, a redução seria menor.
Até agosto, o país demandou 39.297 m3 de diesel, conforme dados da ANP, dos quais 31.959 m3 corresponderam ao diesel S10. Nossas importações no mesmo período totalizaram 11.015 m3, indicando que 34,46% de todo o diesel S10 teve origem importada. Consequentemente, se considerarmos os R$0,13/L, o impacto para o mercado interno seria proporcional ao percentual importado, resultando em R$ 0,0448/L.
Como era de se esperar, algumas distribuidoras já se manifestaram, alegando a necessidade de repasse nos preços do diesel, justificando tal medida pela notícia do encerramento das importações de diesel russo.
Passemos agora ao ponto crucial:
Conforme mencionado, as importações prosseguirão, eliminando a justificativa para um reajuste baseado nessa premissa. Além disso, mesmo que as importações da Rússia cessassem até o final do ano, o impacto não deveria exceder R$ 0,0448/L.
Por essa razão, sempre enfatizamos a importância da informação, pois ela é primordial para uma negociação eficaz e para evitar que argumentos dessa natureza sirvam de premissa para reajustes indevidos.
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Por: Bruno Valêncio • Founder