Em nosso último artigo falamos sobre a queda no barril, e como estão os preços do mercado nacional x internacional, mostrando que temos uma janela importante aberta, favorecendo a importação, e isso já vem se refletindo no custo do diesel importado, que efetivamente vem entrando no Brasil.
Pelos dados da ANP, que semanalmente divulga do custo do diesel importado que entra nos portos e em diversas bases pelo país, mostra que estamos a praticamente 2 meses com quedas consecutivas no custo do diesel importado que vem entrando no país, na divulgação de 08/07, o diesel importado vinha entrando em média no país pelo custo de R$ 4,2027/L, e na última divulgação de 16/09, o custo médio Brasil foi de R$ 3,3455/L, uma redução de R$ 0,8572/L.
Mas e aí, seu preço caiu na mesma proporção ou continua muito semelhante, ao que era a cerca de 2 meses atrás?
Temos a certeza absoluta de que a resposta é a segunda opção.
Mas então para onde foi essa queda? Quem recebeu ela? Porque não vejo isso acontecer no meu preço?
Essas são as principais perguntas que recebemos, principalmente quando abordamos um cliente, e vamos explicar o cerne e o contexto do nosso trabalho. E a primeira reação é indignação, e não é para menos, quase R$ 1,00/L de queda em um produto, que importamos cerca 33% do volume que consumimos, representa um montante gigantesco financeiro, e que está indo para as mãos de algumas poucas empresas, enquanto o mercado de postos e grandes consumidores, se veem na briga diária, para conseguir reduzir as vezes míseros centavos.
E isso acontece basicamente, porque a grande maioria dos consumidores e postos revendedores, não tem previsto em seus contratos a parametrização dos custos, e deixam as distribuidoras à vontade, para fazer o que bem entenderem com o preço que ela irá praticar.
E estamos vendo isso exatamente essa semana, onde um cliente nos mostrou que o custo do diesel na sua operação de rodovia subiu, com a alegação da alta do biodiesel, mas e a queda de R$ 0,15/L, que houve no diesel importado na última semana? Virou resultado para a distribuidora, que é “parceira”, sim entre aspas mesmo, pois o conceito de parceria é uma via de duas mãos, onde as empresas resolvem se unir, pois viram que tem propósitos em comum, para chegar a um mesmo lugar. Mas na prática, o parceiro mais fraco, no caso o posto, é o que está sendo prejudicado, e consequentemente a parceira cada dia sendo mais abalada.
E a parceira começa a não fazer sentido, pois pelo jeito as distribuidoras tratam os postos e clientes consumidores como adversários, e fazendo uma analogia ao último debate para a prefeitura de SP, é toda semana uma cadeirada nas costas do revendedor e do cliente consumidor.
Entrando um pouco em números, de janeiro à julho/24, foi entregue pelas refinarias, tradings, importadores 20.546 bilhões de litros de diesel S10 tipo A, ou seja, sem a mistura de biodiesel, o que dá uma média mensal de 2,935 bilhões de litros.
Como ainda não temos os valores de agosto e setembro divulgados, vamos para efeito de cálculo considerar a média acima. Nas últimas divulgações da ANP, preço saiu de R$ 3,6166/L para 3,3455/L, uma queda de R$ 0,2711/L no acumulado de setembro.
Considerando então, o impacto dessa queda no volume é de quase R$ 800 milhões de reais, em toda cadeia.
Trazendo essa mesma lógica, agora para uma empresa de ônibus no município de São Paulo, que consome em média 2 milhões de litros/mês. Tendo como base de abastecimento Barueri, e um mix de importado na sua composição de preço de 20%.
O não repasse da queda do importado representa um impacto financeiro direto, de adicional de custo de R$ 110 mil reais, em apenas 15 dias, imagine essa conta se não tiver uma gestão no detalhe, qual seria o impacto no ano? Acho que daria para comprar alguns ônibus.
Repetimos por diversas vezes e em diversos artigos a importância da parametrização, pois vemos todo santo dia a diferença que há nos repasses de clientes que tem parametrização e dos que não tem, e no longo prazo o impacto é extremamente significante.
Aproveitando esse artigo, mostre ele para o representante da sua distribuidora, e peça para ele explicar o porque o custo de aquisição do insumo dele cai, e essa informação só é possível de se medir, pois as distribuidoras e tradings, têm por obrigação informar o órgão regulador (ANP), o quanto compraram de produto e qual preço dele, e o papel do órgão regulador, é de dar transparência a essas informações, e nosso papel é trazer para nosso cliente uma leitura mais rápida e pronta dessas informações, para que decisões estratégicas sejam tomadas durante as negociações.
Então se por um acaso a distribuidora disser que a informação está errada, peça para ela questionar a ANP, para que a ANP explique as informações, visto que as informações foram passadas por elas mesmas.
Pense e reflita sobre a maneira que está levando essa relação com sua distribuidora, caso contrário somente ela sairá ganhando.
Por: Murilo Barco – Diretor Comercial
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