Na semana passada em nosso artigo, abordamos a importância de como otimizar a gestão de compra dos combustíveis, principalmente do diesel, que é o produto mais consumido no país e o produto que sofre com o maior número de oscilações e gera impacto direto nos custos dos grandes consumidores e nas vendas de postos com o perfil diesel.
Temos acompanhado desde o mês de junho uma evolução nos custos de aquisição do diesel, e é algo que não se é falado na grande mídia e isso na visão da grande massa , pode aparentar que é culpa é dos postos de gasolina, pelas constantes altas. E muitos se perguntam e até mesmo se revoltam, como o preço está subindo, sendo que a Petrobras não realizou nenhum reajuste no seu preço?
E novamente voltamos a outro tema já abordado por nós, a informação.
O que então está por trás das constantes mudanças de preços, será que faz sentido essas movimentações?
Temos visto uma desvalorização muito forte do real, algo próximo de 9% desde o início de maio.
E uma evolução do preço do barril de aproximadamente 6%.
O que por consequência acaba impactando no custo do derivado no mercado externo e do preço que pagamos., e como temos uma dependência importante de diesel importado, seu custo acaba sendo impactado diretamente e chegando mais caro nos portos do país, conforme mostram os dados oficiais da ANP.
O mesmo vem acontecendo com o biodiesel, que tem parte de seus insumos para produção dolarizada, e ainda temos os fatores internos, como a tragédia no Rio Grande do Sul e a quebra na safra da soja, que diminui a oferta de produto, consequentemente fazendo com que o custo fique mais caro.
De fato vemos que apesar de a Petrobras não ter realizado nenhuma movimentação nas refinarias, outros fatores como o diesel importado e biodiesel, vem sofrendo alta e isso acaba gerando impacto direto nos custos de aquisição.
E são nesses momentos que vemos as distribuidoras se movimentarem e aproveitando a oportunidade para captura de margem nos repasses. Mas como identificar se há ou não ganho de margem no repasse que estou recebendo?
De fato não é algo simples e é preciso conhecer o mercado e saber utilizar as informações, para realizar uma análise mais profunda, para que possa estar embasado nos questionamentos ou parametrizar seus custos, com índices mensuráveis.
Aí entra o nosso trabalho, de buscar todas as informações e munir o negociador com elas.
Vamos há um exemplo que aconteceu essa semana, tendo como base um cliente com operação no estado do Paraná, onde eles recebeu um reajuste de R$ 0,07/L no diesel S10 e R$ 0,0350/L, no S500, com a justificativa da distribuidora de que as variações são referentes ao biodiesel e ao importado.
De fato os dois itens subiram, mas vejam a importância de analisar o impacto baseado em informações.:
O estado do Paraná tem um percentual bem elevado de importado, no mês de maio, 63,9% do diesel S10 que o estado necessitou foi de diesel importado, segundo dados da ANP.
E quando fomos analisar as autorizações de importação emitidas pela ANP, para a respectiva distribuidora, ela tinha em maio, autorização para importar 88.760 milhões de quilos de diesel, considerando a densidade do diesel de Kg 0,850/m3, temos um volume aproximado de 104.500 milhões de litros. Vejam que o volume de importação do estado é de 513.186 milhões de litros, então as autorizações da distribuidora, representam 20,36% do volume total importado.
E ao questionar a distribuidora, a resposta foi que o mix deles era de 30%. Só com essas informações, vemos que o mix é menor, e lembrando que as autorizações, não quer dizer necessariamente que esse volume foi trazido de fato.
Mas para efeito de cálculo, vamos considerar os 20,36%.
O biodiesel, segundo dados da ANP subiu R$0,0213/L.
O importado no porto de Paranaguá, teve um aumento de R$0,1184/L. Considerando que o mix é de R$20,36%, o impacto no custo deve ser de R$0,0241/L.
Considerando a alta do biodiesel de R$0,0213/L e o importado de R$0,0241/L, temos um total de R$0,0454/L.
Lembram que o repasse foi de R$0,07/L no S10? O que explica a diferença de R$0,0246/L?
E no S500 que não temos a dependência de importação, o impacto deveria ser apenas o biodiesel, ou seja, uma alta de R$0,0241/L e foi repassado R$0,0350/L, um adicional de R$0,0109/L.
Clientes que têm seus custos parametrizados, não precisam passar por isso, pois todos esses cálculos já estão contemplados na sua fórmula paramétrica. Mesmo não tendo seus custos parametrizados, nada impede de entrar em uma discussão baseada em dados e informações. Pode ter a certeza absoluta, que quando suas cobranças e questionamentos chegam a esse nível, a conversa com a distribuidora começa ser diferente, pois o que antes era tratado apenas com uma cobrança por uma redução, e que na maioria das vezes, o que fosse reduzido já era considerado um “ganho”, agora você passará a ser muito mais criterioso na forma de analisar a 4 casa decimal do seu preço.
Pois no mundo dos combustíveis qualquer impacto por menor que seja, representa ao longo de 1 ano um montante de dinheiro relevante.
Nós da VPricing, somos especialistas em ajudar você que está no dia a dia da negociação, para que suas compras possam ser muito mais assertivas e evitar que ao longo do tempo, o dinheiro que deve estar no seu negócio, não vá para a mão da distribuidora.