O mês de março se encerra essa semana, e já estamos vendo um movimento do segmento de distribuição, informando que na virada do mês, haverá um movimento de alta no diesel, devido ao custo do produto importado.
Mas será que de fato esse movimento tem sentido, será que o produto importado está chegando mais caro em nosso país, na mesma proporção com que os aumentos repassados ou anunciados pelas distribuidoras acontecem?
Essas são perguntas que devem estar constantemente no dia a dia de quem está nas negociações, seja um gestor de suprimentos de um consumidor final ou de um revendedor. Pois como já mencionamos várias vezes, o segredo da negociação está na informação, e o segmento de distribuição, é especialista em divulgar informações, que apenas o beneficiam.
Agora vamos aos fatos, petróleo tipo Brent até o fechamento de ontem (25/03), tem uma alta acumulada no mês de 5,24%, dólar vem em linha com a média do mês de fevereiro, e o diesel no golfo americano, até a última divulgação da EIA (Similar a ANP), tem mantido estabilidade nos valores. Então podemos concluir, que mesmo com a alta do barril, o derivado em si, que é o que realmente importa, não teve a mesma assimetria, e não subiu.
E verificamos esse mesmo movimento, quando analisamos o custo do produto importado que entrou no país, ao longo do mês de março. Segundo dados oficiais da ANP, que semanalmente divulga o custo médio ponderado, do produto importado que entrou no Brasil, vemos uma alta de R$ 0,0053/L, considerando que importamos em média 30%.
Será que realmente esse anúncio, que vem sendo antecipado pelo segmento de distribuição faz sentido?
Quando olhamos dados oficiais, vemos que não tem sentido algum, pois os dados oficiais mostram sim um aumento, mas em uma proporção infinitamente menor, do que vem sendo anunciado.
Por esse motivo, analisar dados, lhe traz um poder de barganha enorme, e deixa muitas vezes assessores e gerentes, sem justificativas, quando são questionados com esse tipo de informação, pois não faz parte do dia a dia deles, fazer esse trabalho, eles apenas são mensageiros do que vem da alta cúpula das distribuidoras, que tem seus vultosos bônus, atrelados a rentabilidade que o negócio vai dar.
Pense muito bem a forma com que está comprando seu combustível e assinando seus contratos, o mercado mudou, não vivemos mais a época, onde apenas o que acontecia na Petrobras, era o que gerava impactos significativos nos preços, hoje qualquer item que compõe o custo final dos combustíveis, sofre volatilidade, e consequentemente vai gerar impacto no custo de aquisição, mas quem souber mensurar, analisar, cobrar e registrar tudo o que acontece, terá muito mais sucesso nas compras.
E nosso trabalho, é justamente esse, ser a sua lupa, que irá olhar os detalhes, para que possa acompanhar com detalhe, cada passo dado pelas distribuidoras, e evitar que deixe dinheiro na mesa de negociação.