Desde o início de agosto, vimos a situação de abastecimento do país, ficar crítica, principalmente para o diesel S10.
E com isso acompanhamos diariamente restrições de pedidos e aumentos sucessivos de preços, com a alegação por parte das distribuidoras de que a DEFASAGEM do produto nacional em relação ao importado está muito grande, e que isso encarecia o custo da importação.
Até aí ok, realmente chegamos a ter uma defasagem na ordem de R$ 1,20/L, para o diesel S10, e já é sabido que importamos em média 25% do produto de consumimos, devido a não sermos autossuficientes na produção desse produto.
Porém, vimos repasses sendo feitos ao bel prazer das distribuidoras, sem qualquer lógica, justificativa ou algum tipo de parâmetro, simplesmente o repasse vinha e pronto. E isso acontecia principalmente para os postos e clientes que não tem em seus contratos algum tipo de cláusula que prevê, como os repasses deverão acontecer, ou seja, a famosa fórmula paramétrica, que deixa a relação entre distribuidora e cliente justa, pois nela está prevista todas as variáveis que compõe o custo do diesel, quais as fontes oficiais serão utilizadas para repasses e periodicidade.
As justificativas para as movimentações, era a disparidade, ou seja, o quanto preço estava lá fora em relação aqui, porém quando o cenário foi inverso as distribuidoras não repassaram queda, alegando que o preço lá fora era mais barato!
Quando se fazia esse questionamento, a reposta era que o produto levava cerca de 45 à 60 dias para chegar, então isso não refletia no estoque, e agora porque a justificativa não vale? Não seria uma forma de angariar capital em cima dos clientes, alegando que o custo é mais caro, sendo que é um produto que sequer sabemos se a distribuidora comprou, não seria mais justo repassar sobre o custo do produto no estoque, ou seja, produto esse já está contabilizado e tem dados de ponderação do quanto ele entrou no país?
Chegamos a ver movimentos de R$ 0,30 à R$ 0,50/L.
E agora Petrobras subiu R$ 0,78/L, nas refinarias, e a diferença entre o custo nacional x o importado diminuiu, e vimos a distribuidoras repassando o aumento do aumento, será que é justo? Não seria correto repassar a diferença do que já foi repassado?
Vamos simular um cenário, de acordo com as justificativas das distribuidoras, e pegando o pior cenário que tivemos, quando a defasagem chegou a R$ 1,20/L, e algumas distribuidoras alegando 30 % de mix de importado. Qual deveria ser meu reajuste pós movimentação da Petrobras?
Vemos que o impacto real nesse caso, no dia do reajuste da Petrobras, deveria sem em torno de R$ 0,45/L, pois como as distribuidoras já subiram antecipadamente, esse seria o “fator de compensação” do reajuste.
Na realidade estamos vendo reajustes acumulados na casa de R$ 1,00/L. Será que isso tem a ver com o resultado ruim das distribuidoras no 2º trimestre do ano, e agora estão vendo uma oportunidade de conseguir margem, visto que o volume tende a cair, já que a oferta de produto é restrita, e estão vendendo menos, e buscando resultado financeiro nos repasses absurdos.
Por isso é de extrema importância ter uma gestão muito próxima e profissional na gestão de compra, e ter nos contratos, a forma com que seu preço vai reajustar, caso contrário, você está assinando um cheque em branco para sua distribuidora e deixando ela cobrar de você, o que ela bem entender.
Por: Murilo Barco – Diretor Comercial