Caminhamos para o final do mês de julho, em um cenário não tão positivo para os preços dos combustíveis no Brasil.
No acumulado do mês, temos uma alta de mais de +12% no Brent, saindo de uma cotação no último dia de junho de U$ 73,86/barril, para U$ 82,96/barril no fechamento do dia 26/07.
Para o cambio, no acumulado do mês, temos uma queda de -1% com uma cotação na faixa dos R$ 4,73, que ajuda sim a amenizar a alta da commodity.
Entretanto, o cenário de alta do petróleo, vem dominando as decisões de reajustes nas refinarias privadas. A ACELEN no acumulado do mês, reajustou o diesel em +13,33% e a gasolina em +12,07%, 3RPETROLEUM reajustou a gasolina em +23,10% e o diesel +12,70% e ATEM reajustou a gasolina em +8,04% e o diesel em +7,73%.
- Analisando os dados oficiais divulgados pela ANP de custo de importação, que apura os preços de entrada do importado nos principais portos e polos de distribuição, utilizando o porto de Santos como referência, temos um cenário de alta no custo da gasolina e do diesel. Aparentemente o efeito da vantajosa importação do diesel Russo, mostrou ser apenas um custo de oportunidade, e não uma realidade econômica permanente, ou seja, até mesmo o produto russo tem sofrido aumento em seus preços nas últimas semanas.
CUSTO IMPORTAÇÃO Gasolina e Diesel Jul/23 – Fonte: Agência Nacional do Petróleo
- Em um comparativo dos preços médios Petrobras em relação as três principais refinarias privadas do país, vemos que em relação aos outros players, a Petrobras trabalha com preços médios no mercado interno bem abaixo dos seus concorrentes.
COMPARATIVO CUSTO Derivados – Fonte: Petrobras | Acelen | Ream | 3RPetroleum
- O mesmo cenário acontece comparando os custos médios da Petrobras com o custo médio dos produtos importados entrando nos portos do país, segundo dados da ANP.
COMPARATIVO Nacional x Importado – Fonte: Petrobras | ANP
Até aqui para além do PPI, buscamos fazer uma análise de mercado comparativo dos atuais custos da Petrobras em relação aos seus principais concorrentes nacionais e internacionais, e assim traçar o melhor paralelo possível com a atual estratégica comercial da estatal. O fato é que, os custos operacionais da empresa fazem parte hoje da atual política de preços da Petrobras, e é um fator que começa a preocupar grandes analistas do mercado.
Em recente relatório publicado, a Petrobras reportou aumento de 50% no primeiro semestre de 2023 nas importações de gasolina em relação a 2019 (período pré-pandemia) para atender a atual demanda que está aquecida, pois os preços praticados da gasolina estão muito competitivos em relação ao Etanol Hidratado, e bem defasados em relação ao mercado internacional.
Portanto, em alguns momentos no qual incluímos o atual, a importação pela Petrobras de gasolina tem sido realizada a preços mais caros conforme o PPI mostra, mas a venda nacional por um preço muito menor, o que pode levar a empresa a assumir prejuízos para abastecimento do mercado.
Agora, resta elaborarmos as seguintes perguntas:
“A Petrobras será técnica em uma possível decisão de reajuste?”
“Esse possível reajuste, pode ocorrer já em agosto/23?”
“Será aumento, ou será queda?”
Este é o primeiro grande teste para a nova política comercial de preços da Petrobras, que foi implementada com o objetivo de trazer menor volatilidade e previsibilidade ao mercado, mas de forma irônica não responde objetivamente a nenhum dos questionamentos acima, salientando que a possibilidade de não reajustar e manter os atuais preços existe, e é uma decisão que pode ser tomada pela empresa, bem como uma redução também.
Pelos indicadores econômicos, ela deve aumentar os custos da Gasolina e do Diesel em suas refinarias, é uma visão lógica, para se blindar contra prejuízos no braço de refino da empresa, e garantir o abastecimento do mercado.
Se ela não seguir a lógica, ficará denotado que há sim outros fatores e variáveis que não estão expostos sobre essa decisão dentro da Petrobras, e podemos entrar no período de pico de demanda por diesel no Brasil com algumas incertezas.
A ver os próximos capítulos desse assunto.
Por: Murilo Barco – Diretor Comercial | Bruno Valêncio – Diretor Fundador
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