Por: Murilo Barco | Valêncio Consultoria Combustíveis
O RenovaBio é a nova política nacional de biocombustíveis, instituída em 2017, com o objetivo de fomentar a utilização e produção de biocombustíveis no Brasil, política essa aprovada pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) e que monitorada pela ANP.
O RenovaBio, basicamente é um programa onde os produtores de biocombustíveis nacionais, passam por um processo de certificação, por empresa homologadas, e após essa homologação a empresa produto de biocombustível, pode emitir uma “moeda” que se chama CBIOS. E quantidade de moeda a ser emitida por cada produto, varia de acordo com a sua operação, se ela for mais sustentável ela pode emitir mais moeda, e se a operação for menor sustentável ela pode emitir uma quantidade menor de CBIOS.
E quem compra essa “moeda” chama CBIOS? A compra ela deve ser feita pelas distribuidoras de combustíveis, pois elas são as responsáveis pela venda de produtos de emitem CO2 na atmosfera, então essa comprar deve ser feita por elas, como forma de compensar as emissões pelos produtos vendidos. E a meta de compra de CBIOS é definida pela ANP, de acordo com a participação de mercado que essa distribuidora teve no ano anterior.
Dessa forma o CBIOS passa ser um custo adicional para as distribuidoras, e já temos visto no mercado algumas distribuidoras se movimentando, de forma a repassar esse custo que terá aos seus clientes. E a pergunta que fica, o CBIOS será mais uma variável que compõe o custo do diesel ou da gasolina? Ao nosso ver não, pois a distribuidora tem uma meta determinada, onde a quantidade de CBIOS a ser comprada é definida, e essa operação tem início e fim. Ela não é variável como as que compõe a forma de custo do produto, como Refinaria, PMPF, Biodiesel e Etanol.
Mas, qual impacto esse novo programa de compensação de emissão de CO2, irá gerar para a distribuidoras? Essa é uma pergunta que pode variar bastante, pois o CBIOS ele é comercializado via Bolsa de Valores, a moeda ela fica disponível dentro de uma plataforma específica, onde o seu preço pode ser comercializado de acordo com a lei de oferta e procura. Fechamos setembro por exemplo com um valor médio do CBIOS na ordem de R$ 37,35. Se utilizarmos esse número como base, as mais de 150 distribuidoras que tem obrigação de comprar CBIOS, terão um custo de aproximadamente R$ 537 milhões de reais.
Se levarmos em consideração as 3 principais distribuidoras.: BR, Ipiranga e Raizen, a que terá o maior custo com a aquisição de CBIOS será a BR, que fechou o ano de 2019 com 27,09% de participação de mercado, e terá um impacto na ordem de R$ 147 milhões, seguida por Ipiranga, com impacto de R$ 107 milhões e Raizen com R$ 97 milhões.
Estamos falando de valores extremamente altos e à primeira vista assusta. Porém se levarmos em consideração do volume comercializado e que deve ser computado como emissor de CO2, na média o impacto para cada uma das distribuidoras, seria na ordem R$ 0,0050/L, de produto comercializado.
Por isso é importante acompanhar esse movimento que o mercado está fazendo e verificar como sua distribuidora irá se comportar. Você revendedor ou você grande consumidor acha justo pagar essa conta pela distribuidora, caso ela venha cobrar isso de você?